📉 Endividamento das famílias brasileiras atinge 49% em maio e acende alerta sobre comprometimento da renda, diz Banco Central
Por Técio Ramon Jornal Viral 🗓 28/07/2025 – 11h31 | Atualizado em 28/07/2025 – 11h31 O endividamento das famílias brasileiras voltou a crescer em maio e chegou a 49,0% da renda acumulada nos últimos 12 meses, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (28) pelo Banco Central (BC). O número representa uma leve alta em relação ao mês anterior, quando o índice havia sido revisado para 48,9%.


Por Técio Ramon Jornal Viral
🗓 28/07/2025 – | Atualizado em 29/07/2025
Embora o patamar não represente um recorde, ele está perigosamente próximo da máxima histórica registrada em julho de 2022, quando o índice alcançou 49,9%. Isso reacende o debate sobre a sustentabilidade financeira das famílias e os riscos crescentes em um cenário de juros elevados, inflação persistente e dificuldade de acesso ao crédito.
🔍 O que significa o índice de endividamento?
O índice de endividamento das famílias representa o total de dívidas contraídas em relação à renda total dos lares brasileiros no período de 12 meses. Ou seja, a cada R$ 1.000 que uma família recebe ao longo do ano, R$ 490 estariam comprometidos com dívidas — como empréstimos, financiamentos e cartões de crédito.
Esse indicador ajuda a entender o quanto da renda das famílias está sendo direcionado para pagar compromissos financeiros, em vez de consumo, poupança ou investimento.
🏠 E se não contar os financiamentos imobiliários?
Se retirarmos as dívidas relacionadas à aquisição de imóveis, o cenário muda um pouco — mas continua preocupante. O índice de endividamento sem o crédito imobiliário recuou ligeiramente de 30,8% em abril para 30,7% em maio.
Isso revela que três em cada dez reais da renda anual das famílias brasileiras estão comprometidos com dívidas de consumo, como financiamentos de veículos, empréstimos pessoais, compras parceladas no cartão de crédito e crediário em lojas.
💸 Comprometimento da renda também aumentou
Outro dado que chama a atenção é o comprometimento mensal da renda — isto é, a parcela do salário que as famílias destinam, mês a mês, para pagar prestações e parcelas de dívidas.
O relatório do Banco Central mostra que esse comprometimento subiu de 27,4% para 27,8% entre abril e maio. Quando excluímos os financiamentos imobiliários, o índice foi de 25,2% para 25,7%.
Isso significa que, mesmo com salários pressionados e inflação pesando sobre o custo de vida, as famílias continuam tendo que destinar mais de um quarto da renda para pagar dívidas. O resultado é uma menor margem para consumo, poupança e investimentos, o que acaba afetando o crescimento da economia como um todo.
📊 Crédito no Brasil: quem está tomando dinheiro emprestado?
Além de divulgar os dados sobre o endividamento familiar, o Banco Central também apresentou os números do crédito ampliado ao setor não financeiro, que inclui famílias, empresas e governo.
De acordo com o relatório, o saldo total do crédito no país cresceu 0,9% em junho, atingindo o impressionante montante de R$ 19,3 trilhões. Isso equivale a 157,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro — ou seja, a economia nacional está altamente alavancada.
🏢 Empresas freiam tomada de crédito
Um dado que se destaca negativamente é o recuo do crédito às empresas. Em junho, o saldo de crédito ampliado para o setor corporativo caiu 0,6%, representando 54,1% do PIB. Esse movimento pode indicar cautela dos empresários diante de juros altos e incertezas econômicas, o que pode travar investimentos, geração de empregos e crescimento econômico.
⚠️ O que está por trás desse cenário?
O aumento do endividamento e do comprometimento de renda das famílias ocorre num contexto desafiador. Embora o Brasil tenha registrado queda da inflação nos últimos meses, os juros permanecem elevados, o que encarece o crédito e dificulta a renegociação de dívidas.
Além disso, a renda média do trabalhador segue pressionada, e muitas famílias ainda enfrentam resquícios do impacto da pandemia, como dívidas acumuladas, desemprego e perda de poder de compra.
🛠️ O que o governo e o Banco Central podem fazer?
Diante desse cenário, especialistas defendem medidas coordenadas entre governo, Banco Central e setor financeiro para aliviar o peso das dívidas sobre as famílias brasileiras. Algumas sugestões incluem:
Renegociação em massa de dívidas com juros mais baixos;
Ampliação de programas de educação financeira;
Adoção de políticas públicas voltadas à geração de renda e empregos;
Estímulo ao crédito responsável, com análise de perfil e limite proporcional à renda.
Além disso, os movimentos da política monetária — especialmente as futuras decisões sobre a taxa básica de juros (Selic) — devem continuar sendo monitorados de perto, pois impactam diretamente o custo do crédito para consumidores e empresas.
📉 Endividamento elevado: uma bomba-relógio?
Embora os números ainda não indiquem um colapso financeiro iminente, o alto nível de endividamento combinado com o aumento do comprometimento da renda é um sinal de alerta claro.
Se não houver mudanças na política de crédito, na gestão da renda das famílias e no ambiente macroeconômico, o Brasil poderá enfrentar um ciclo preocupante de inadimplência, retração do consumo e desaceleração da economia.
A atenção agora se volta às próximas divulgações do Banco Central e às ações que o governo pode tomar para conter esse avanço — antes que ele se transforme em uma verdadeira crise de endividamento das famílias brasileiras.