Grêmio enfrenta jogo de risco contra o Atlético-MG e coloca futuro de Mano Menezes à prova

Pressionado, em queda técnica e alvo de protestos da torcida, Tricolor encara desafio decisivo em Belo Horizonte

17/08/2025 – 08h00 | Atualizado há 7 horas

Clima de tensão no clube

O Grêmio vive um dos momentos mais tensos da temporada. Neste domingo (17), às 16h, o Tricolor entra em campo em Belo Horizonte para enfrentar o Atlético-MG em um jogo decisivo não apenas para a permanência de Mano Menezes no comando técnico, mas também para o futuro do clube no Campeonato Brasileiro.

A crise ficou escancarada após a derrota para o Sport, então lanterna da competição, na Arena, na última rodada. Os pernambucanos eram a única equipe das quatro divisões nacionais sem vitórias em 2025, o que tornou o tropeço ainda mais dramático.

Sobrevida para Mano Menezes

Apesar da pressão, Mano Menezes recebeu voto de confiança da diretoria. Após o revés por 1 a 0 diante do Sport, o treinador declarou que a meta era uma reação “a curto prazo”.

“Mesmo com a confiança da direção, tudo tem limite. As coisas não podem continuar como estão, senão teremos um final muito melancólico”, disse Mano.

O semblante do técnico ao deixar o gramado — cabisbaixo e em silêncio — foi interpretado como um retrato da crise que ultrapassa os limites do campo. Muitos torcedores acreditam que sua saída já está encaminhada, ainda que oficialmente ele siga no cargo.

Direção banca o treinador

Na terça-feira, Mano se reuniu com o presidente Alberto Guerra no CT Luiz Carvalho. O dirigente reforçou publicamente que mantém confiança no treinador e publicou mensagem de apoio nas redes sociais:

“O resultado desta noite não condiz com a grandeza do Grêmio. Somos responsáveis e não vamos nos omitir de resolver os problemas. Garanto a todos que vamos corrigir os erros e que o Grêmio vai superar esse momento.”

Na quarta-feira, Mano também se encontrou com os jogadores para discutir o momento ruim. O técnico abriu espaço para ouvir opiniões sobre o modelo tático que será utilizado no confronto contra o Atlético-MG.

Queda de desempenho após o Mundial

Com Mano Menezes, o Grêmio começou bem o Brasileirão: seis jogos antes da pausa para a Copa do Mundo de Clubes, com três vitórias (contra Santos, Bahia e Juventude) e três empates (diante de Vitória, Bragantino e Corinthians).

No entanto, após o retorno da competição, o rendimento despencou. Foram seis jogos com quatro derrotas, um empate e apenas uma vitória — desempenho de 22,2%, melhor apenas que o lanterna Sport.

Além da queda nos resultados, o elenco demonstra sinais de desgaste físico e emocional. Contra o Sport, a equipe apresentou improvisações e falta de repertório tático. O volante Camilo foi improvisado na lateral-direita, enquanto Edenilson, claramente desgastado, seguiu como titular. O ataque também não funcionou: apenas seis finalizações no gol e um jogo marcado por apatia.

Desde a retomada do campeonato, o Grêmio marcou apenas quatro gols em seis partidas.

Protestos e violência

A pressão da torcida também aumentou ao longo da semana. Na sexta-feira (15), um grupo estendeu uma faixa com tom ameaçador em Porto Alegre: “O Grêmio vale mais que a vida de vocês”. A mensagem foi direcionada a dirigentes, comissão técnica e jogadores.

No sábado (16), horas antes da viagem da delegação para Belo Horizonte, cerca de 50 torcedores invadiram uma área restrita do aeroporto Salgado Filho, depredaram o ônibus do clube e cercaram atletas e funcionários. O segurança Luis Fernando Cardoso, conhecido como Fernandão, foi agredido e precisou realizar exame de corpo de delito, ficando fora da viagem.

O clube repudiou os ataques e prometeu identificar e banir os torcedores envolvidos.

Jogo de sobrevivência

Diante desse cenário, o duelo contra o Atlético-MG se transforma em um teste definitivo para Mano Menezes. Uma nova derrota pode significar o fim de sua trajetória no Grêmio.

Atualmente, o time ocupa a 15ª colocação no Campeonato Brasileiro, flertando com a zona de rebaixamento. A vitória pode significar sobrevida para o treinador e esperança de recuperação.

Para os torcedores, o jogo representa um divisor de águas: saber se ainda há fôlego para reação ou se o limite já foi ultrapassado.