Tarcísio defende anistia para Bolsonaro em ato na Paulista e critica Alexandre de Moraes
Tarcísio defende anistia para Bolsonaro em ato na Paulista e critica Alexandre de Moraes. STF retoma julgamento do ex-presidente nesta semana.
POLÍTICA


No feriado de 7 de Setembro, a Avenida Paulista foi palco de uma grande manifestação convocada pelo pastor Silas Malafaia em defesa da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. O evento reuniu milhares de apoiadores e contou com a presença de lideranças políticas, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
Durante seu discurso, Tarcísio de Freitas defendeu uma anistia ampla para Bolsonaro, que atualmente cumpre prisão domiciliar, e criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo processo que pode condenar o ex-presidente.
“Ninguém aguenta mais a tirania de Moraes”, diz Tarcísio
Ao falar com os manifestantes, Tarcísio respondeu aos gritos de “fora, Moraes” vindos do público:
“Por que vocês estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguente mais. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo nesse país.”
O governador também questionou as provas reunidas pelo STF no julgamento de Bolsonaro. Ele chamou de “mentirosa” a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, e afirmou que não há documentos ou ordens que comprovem tentativa de golpe de Estado.
“Como vou condenar uma pessoa sem nenhuma prova? Se a gente está aqui hoje defendendo a anistia, essa anistia tem que ser ampla”, disse.
Situação de Bolsonaro e julgamento no STF
Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar e proibido de participar de atos públicos, inclusive por vídeo, após descumprir medidas restritivas. Na próxima terça-feira (9), o STF deve retomar o julgamento que pode condená-lo por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, com penas que podem chegar a 43 anos de prisão.
Além desse processo, Bolsonaro segue inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político nas eleições de 2022. Apesar disso, Tarcísio afirmou que o ex-presidente deveria ser candidato em 2026:
“É fundamental que tenhamos Bolsonaro na eleição do ano que vem. Só existe um candidato: Jair Messias Bolsonaro. Nós temos que viver num país onde as divergências sejam resolvidas na urna.”
Público e símbolos do ato
De acordo com estimativas do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common, cerca de 42,2 mil pessoas participaram do ato na Paulista, com margem entre 37,1 mil e 47,3 mil no pico de público.
A manifestação foi marcada por faixas em inglês, pedidos de apoio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por uma bandeira gigante norte-americana aberta em frente ao Masp, reforçando o tom internacional do protesto.
Michelle Bolsonaro emocionou-se ao falar da rotina ao lado do marido em prisão domiciliar, enquanto Valdemar Costa Neto declarou que o PL e partidos aliados pressionam pela aprovação de uma lei de anistia no Congresso.
Pressão no Congresso por anistia
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), está sob pressão para colocar a proposta de anistia em votação. Tarcísio chegou a puxar um coro na manifestação pedindo que o tema seja incluído na pauta:
“Trazer a anistia para a pauta é trazer justiça. É resgatar o país”, afirmou.
Ainda não há definição sobre o formato do projeto. Alguns defendem que a anistia seja restrita aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro, enquanto aliados de Bolsonaro pedem uma anistia geral, que incluiria o ex-presidente.
No Senado, também existe uma proposta alternativa que excluiria Bolsonaro e apenas reduziria as penas dos condenados. O governo Lula já declarou ser contrário a qualquer tipo de anistia e pediu mobilização social para barrar o avanço da medida.